NOTA DIARIO DO NORDESTE

A Companhia Mariposarte do Uruguai foi uma das principais atrações da programação da XI Mostra Sesc Cariri de Cultura. O grupo resgata toda a magia do circo e surpreende a meninada que, através do dupla, tem contato com o universo do clown




Formada pelos atores Lola e Victor Sebastian, a dupla se apresentou no último sábado, 14, no espaço Marcus Jussier, em Juazeiro do Norte. O som estridente de um apito anunciava a chegada dos palhaços Ketchup e Mostardinha ao palco. A meninada, ao mesmo tempo em que tampava os ouvidos se defendendo da agudez do barulho, aplaudiam e gargalhavam fascinados pelas trapalhadas da dupla.



Com cenário e enredo simples, os atores Natalya Dorin Benetez (Lola) e Victor Sebastian Saralegui, da Companhia Mariposarte do Uruguai, há anos levam aos quatro cantos do planeta a magia de suas histórias. Numa mescla do humor pastelão do palhaço com a arte milenar do teatro de bonecos, o casal dá o contexto do espetáculo "Os bonecos viajantes".



A peça, que nasceu em agosto de 2008, enquanto os atores se apresentavam em Vitória do Espírito Santo, narra as aventuras de um casal de palhaços que começam uma viagem à procura de outros artistas para criar um circo. Na jornada, eles conhecem uma série de personagens: uma aborígine americana, uma baiana que adora fazer cocadas e outros doces, uma cantora de ópera da Europa e um mágico chinês.



Além desses encontros inusitados, a dupla tem um dilema a resolver, o casamento deles. Enquanto Ketchup sonha em casar com Mostardinha e ter muitos filhos, este, por sua vez, busca a todo custo fugir da apaixonada palhacinha. Envolvendo-se em situações desastrosas, para o delírio das crianças. São nesses momentos, principalmente, que acontece uma maior interação dos atores com o público. Pais e filhos participam animadamente do espetáculo, ajudando Ketchup a casar com seu amado.



De acordo com Saralegui, em meio ao bombardeamento de informações da mídia sobre o público infantil, é surpreendente o quanto os pequenos, ainda, reservam em si a capacidade de se encantar com o universo simples e fantástico do clown. "A televisão tem um apelo visual muito forte sobre as crianças. Em nossas apresentações temos a preocupação de incitar a imaginação delas. Inclusive, fazemos uso de alguns elementos das telenovelas, como a história do mocinho que descobre ter um filho, o que já chama atenção dos adultos que acompanham as crianças", explica.



Quebrando barreiras



Para Lola, a possibilidade de trabalhar com as técnicas do clown foi uma forma encontrada pela companhia, para suprir as barreiras do idioma nos locais por onde se apresentam. A artista também destaca a dificuldade do grupo em se locomover com o espetáculo, devido à ausência de patrocínio. "Nós viajamos por conta própria. 90% das apresentações acontecem nas praças e nas ruas. Mesmo com as dificuldades, a nossa recompensa é presenciar a felicidade das crianças com a nossa arte", diz.



A dupla que veio do Uruguai, passou pela Argentina, Paraguai e circula já quase um ano pelo Brasil (de 2008 a 2009), ainda não sabe o próximo destino. Mas, de uma coisa estão certos, numa outra oportunidade voltarão ao Cariri. Assim, dizem num coro a la portunhol: "Hasta la próxima parada, garotada...".



Público



A peça fez sucesso, principalmente, entre a criançada. Priscila Emanuela de Sales, 21, pedagoga, mãe de Bárbara, de seis anos, sempre gostou de teatro. Quando criança, influenciada pela avó Mazé Sales, que é atriz, chegou a fazer um curso de artes cênicas. Atualmente, incentiva a filha a assistir aos espetáculos. Da apresentação da Companhia Mariposarte do Uruguai, Bárbara gostou mais da voz de Ketchup. "Essa palhacinha tem uma fala muito engraçada. Gostei dela", diz a menina.



Já os estudantes Luciano Welysses, 12, e Maximiliano Sousa da Silva, 8, acharam a apresentação ótima. Eles ficaram felizes por a mostra ter trazido a programação para outros espaços, como o Marcus Jussier. Um local onde funciona, normalmente, a pastoral da criança de Juazeiro do Norte. "Aqui é legal porque é perto de nossas casas e as nossas mães ficam tranquilas e nos deixam vim só", diz Luciano. Já Maximiliano completa: "Nos fins de semana não tem muita coisa para gente fazer. Então é muito bom vim para cá, é melhor do que ficar na rua aprendendo palavrão". O sucesso dos uruguaios é incontestável.

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